sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Miomas atingem mais as mulheres negras

Mioma uterino é um tumor benigno e freqüente na população feminina. Aparece no decorrer da vida produtiva, podendo causar aborto espontâneo, infertilidade e parto prematuro. Pode ser tratado com medicamentos ou intervenções cirúrgicas (miomectomia- retirado do mioma; ou histerctomia – retirada do útero.

 A literatura medica norte-americana afirma que a incidência de mioma uterino é maior em mulheres negras. Isto se deve ao fato delas apresentarem em alta freqüência infecções pélvicas. No Brasil é escasso o estudo no ramo da saúde reprodutiva considerando o quesito cor. Profissionais de saúde afirmam que a qualidade de vida da população não depende apenas da condição biológica, mas também das condições materiais e do ambiente piscossocial. A qualidade da saúde no Brasil é precária e o acesso a esse serviço varia para os diferentes grupos que compõe a população, com maior desvantagem para o negro que usualmente habitam as áreas da periferia onde os serviços de saúde são precários ou inexistentes.

 Nesse trabalho procurou-se responder a algumas questões: seriam os miomas uterinos mais comuns entre as mulheres negras brasileiras? Que tipos de condutas são adotadas no que se refere aos cuidados com a saúde reprodutiva da mulher negra? Para responder a estas questões realizou-se um estudo bibliográfico minucioso e entrevistas com profissionais de saúde. A pesquisa foi realizada em 1995 em um centro de saúde publica de São Paulo, essa escolha foi motivada pelo fato de as matriculas incluírem o quesito cor dos usuários do serviço.

 Como resultado foi observado que em 1994 foram atendidas nessa unidade 583 mulheres, sendo 361 brancas e 197 negras, desse total 83 mulheres brancas e 82 mulheres negras apresentaram miomas. O que demonstra a alta incidência desse agravo entre as mulheres negras. O total de mulheres que se submeteu a miomectomia foi de 4,8% em brancas e de 7,3% em negras enquanto que foram submetidas a histerectomia 3,6% das brancas e15,9% das negras. O alto índice de histerctomia nas mulheres negra aconteceu segundo o profissional de saúde que assistiu devido a gravidade de seus quadros clínicos, cólicas persistente e hemorragias, sendo a miomectomia impraticável nesses casos.

O abandono do tratamento é alto, muitas mulheres deixaram de seguir a orientação medica e de tomar a medicação por terem seus sintomas amenizados, por exemplo, redução do fluxo hemorrágico e diminuição das dores abdominais, por acreditarem que estavam curadas.
Outro fator importante é a forma mais conhecida de tratamento dos miomas era a medicamentosa, grande parte delas desconheciam os processos de miomectomia e de histerectomia. Portanto desconheciam tanto a existência de uma cirurgia que permite a extração dos miomas com a manutenção do útero, como as conseqüências fatais da histerectomia no que se refere a capacidade reprodutiva.

 O acesso aos serviços de saúde é muito relevante e interfere na periodicidade correta da consulta ginecológica de uma mulher que tem mioma uterino, os dado mostram baixa freqüência de consultas com intervalos variando em orno 3 a 4 anos entre as consultas quando estas deveriam ser no mino anualmente. As razões são distintas e vão desde o contrangimento do exame ginecológico, para as brancas, até falta de acesso ao serviço e ao tempo gasto no centro de saúde, para as negras, isto muitas vezes relaciona-se ao fato não possuírem registro profissional, por trabalharem como domestica e por não receber o pagamento do dia perdido mesmo apresentando um atestado médico. Apesar disso mesmo se o acesso aos serviços fossem mais fácil para as mulheres negras a incidência ainda seria maior devido a aparente predisposição biológica e psicossomática que essas mulheres apresentam.

 Torna-se evidente, portanto, a necessidade de se orientar as mulheres negras quanto aos cuidados a serem tomados para evitar a ocorrência/manifestação desses tumores. Precisamos entender o que são os miomas uterino, suas possíveis conseqüências e formas de tratamento, visando principalmente prevenir a ocorrência da histerectomia.

Um comentário:

  1. Meio tarde pra isso, mas mto bom! Kd o link desse artigo? Existe uma atualização deste estudo?

    ResponderExcluir